Curso
de Artesanato em Cerãmica, Inicio dia 24 de março, mais uma realização
da Associação Cultural e de Artes Marciais, através do Ponto Cultura na Fronteira, inscrições gratuitas, local:
Creas, horário a partir das 07:30 hs, 24/03/2014, todas as segundas,
terças e quartas das 08:00 ás 11:30 hs.
A
ORIGEM DA CERÂMICA
"O
primeiro artesão foi Deus que, depois de criar o
mundo, pegou o barro e fez Adão." (ditado
popular paraibano)
Estudiosos
confirmam ser, realmente, a cerâmica a mais antiga
das indústrias. Ela nasceu no momento em que o homem
começou a utilizar-se do barro endurecido pelo fogo.
Desse processo de endurecimento, obtido casualmente, multiplicou-se.
A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada,
a madeira e mesmo as vasilhas (utensílios domésticos)
feitas de frutos como o coco ou a casca de certas cucurbitácias
(porongas, cabaças e catutos) .
As
primeiras cerâmicas que se tem notícia são
da Pré-História: vasos de barro, sem asa,
que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidas por
óxidos de ferro. Nesse estágio de evolução
ficou a maioria dos índios brasileiros. A tradição
ceramista — ao contrário da renda de bilros
e outras práticas artesanais — não chegou
com os portugueses ou veio na bagagem cultural dos escravos.
Os índios aborígines já tinham firmado
a cultura do trabalho em barro quando Cabral aqui aportou.
Por isso, os colonizadores portugueses, instalando as primeiras
olarias nada de novo trouxeram; mas estruturam e concentraram
a mão-de-obra. O rudimentar processo aborígine,
no entanto, sofreu modificações com as instalações
de olarias nos colégios, engenhos e fazendas jesuíticas,
onde se produzia além de tijolos e telhas, também
louça de barro para consumo diário. A introdução
de uso do torno e das rodadeiras parece ser a mais importante
dessas influências, que se fixou especialmente na
faixa litorânea dos engenhos, nos povoados, nas fazendas,
permanecendo nas regiões interioranas as práticas
manuais indígenas. Com essa técnica passou
a haver maior simetria na forma, acabamento mais perfeito
e menor tempo de trabalho.
Quando
os populares santeiros, que invadiram Portugal no século
XVIII, introduziram a moda dos presépios, surgiu
a multidão de bonecos de barro de nossas feiras.
Imagens de Cristo, da Virgem, Abades, de santos e de anjos
começaram a aparecer. Os artistas viviam à
sombra e em função da Igreja ou dos seus motivos.
O mais célebre artista dessa fase foi Antônio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Pouco
a pouco — da mesma forma que aconteceu com o teatro
católico medieval que foi transformado no Brasil
em espetáculos populares como as pastorinhas, o bumba-meu-boi
e os mamulengos — a arte do barro foi se tornando profana.
Ao final, era o seu meio que os artistas começaram
a retratar: simplificaram as formas que passaram apresentar,
sem nenhum artifício, tipos, bichos, costumes e folguedos.
ORIGEM
NO BRASIL
No
Brasil, a cerâmica tem seus primórdios na
Ilha de Marajó. Na segunda metade do Oitocentos,
a ciência arqueológica voltou-se para territórios
e continentes além de Grécia e Roma; assim,
ocorreram escavações na Amazônia,
especialmente na ilha de Marajó sendo o centro
de Santarém o mais generoso com os pesquisadores.
Os
arqueólogos consideraram os vestígios e
pretendiam estabelecer as origens dos povos amazonense
e várias foram as hipóteses: nômades
dos Andes, vindos do Peru fugindo da conquista espanhola
ou da América Central, e com maiores possibilidades,
das Antilhas. Outra seria um êxodo começado
no Grande Chaco e escavações em Quito têm
encontrado provas de que as grandes culturas do Peru e
México tiveram origem no Equador. Essas pesquisas
começaram em 1958, quando foi descoberta uma aldeia
datável de cerca de 5 mil anos na cidade costeira
de Valdívia; e desde então mais aldeias
do mesmo período foram descobertas no interior,
na direção da Amazônia, com cerâmicas,
instrumentos e objetos decorativos revelando um nível
insuspeitado de sofistificação. E nas primeiras
descobertas geográficas os europeus encontraram
povoados que são descritos com bastante reserva.
Mesmo
o índio desconhecendo o torno e operando com instrumentos
rudimentares, conseguiu criar uma cerâmica de valor,
que dá a impressão de superação
dos estágios primitivos da Idade da pedra e do
bronze.
Foram
identificadas várias fases da cerâmica brasileira
, que foram divididas em:
-
Ananatuba:
a mais generalizada e provavelmente atribuível
às primeiras sedimentações
datáveis entre o séc. VII e o X
a.C. , apresentando uma técnica plenamente
desenvolvida, povo dividido em tribos, cada um
ocupando uma única maloca e abrigando uma
centena de moradores;
-
Aruã
:denominação dada por pesquisadores
europeus a um grupo que vivia em pequenas ilhas
no Amazonas, tudo indicando uma cultura bastante
singular, em face do uso de urnas funerárias,
um ritual de notável contribuição
na determinação de fases;
-
Marajó:
é um capítulo à parte.
Ela foi elaborada por povos que habitaram a bacia
Amazônica do ano 980 A.C. até
o séc. XVIII e é arqueológica.
Através dela a gente pode observar a evolução,
o apogeu e a decadência da cultura de um
povo. A riqueza de detalhes, a exuberância
das cores, a variedade dos objetos (como fusos,
colheres, tangas, bancos, estatuetas e adornos)
, as técnicas de brunimento (alguns feitos
com conchas) foram perdendo qualidade com o tempo.
Os grandes aterros de louçaria e estatuetas
encontrados na ilha de Marajó mostram bem
esta falência. Hoje, o que existe de cerâmica
marajoara pode ser visto no Museu Goeldi, em Belém.
Não tem nada haver com as peças
que encontram-se nas feiras de artesanato ou nas
lojas dos grandes centros que dizem vender peças
folclóricas. Na maioria, esses objetos
são industrializados e não passam
de tentativas grosseiras de cópias, sem
maior significado cultural.
DESCRIÇÃO
DA TÉCNICA
As
artes cerâmicas moldam minerais das entranhas da terra
(metais, barro, argila, areia, etc.) dando origem a utensílios,
peças ornamentais, urnas funerárias e os mais
variados produtos da imaginação do homem.
Ela
demanda calma e circunspeção: a argila e os
elementos de liga devem ser cuidadosamente escolhidos e
o manejo deve ser paciente porque ela oferece tantas possibilidades
quanto variações e rupturas após a
queima; assim uma peça cerâmica contém
além de todos esses ingredientes e cuidados, a apreensão,
o suspense e o ardor.
Ela
pode ser manufaturada ou industrializada e sua matéria-prima
principal é a argila, o caulino, o barro,
a pasta. Modelada e cozida ao sol, em fogueiras ou em
fornos aquecidos a temperatura conveniente, o produto pode
ter cor natural, preto ou em variações que
ocorrem do amarelo ao vermelho, podendo ainda, ser revestido
de pintura, composta de silicalcalinos ou vernizes à
base de chumbo ou estanho, formando um esmalte brilhante
e resistente com ricas variações.
Existem
diversas argilas nas quais se podem adicionar outros elementos
para obter maior plasticidade e coesão e ainda um
bom cozimento.
As
argilas são rochas normalmente de origem sedimentares
e provenientes da alteração de rochas silicadas.
Os minerais que as constituem são fundamentalmente
a caulinite, a ilite ou a montemorilonite. Do ponto de vista
químico, as argilas são aluminosilicatos hidratados
apresentando espécies muito variadas de fórmula
genérica
O3,
al quatro . SiO2. H2O.
Encontra-se
na natureza em estado de relativa pureza ou associadas aos
mais diversos materiais, podendo adquirir, neste caso, propriedades
e designações específicas. As Margas,
por exemplo, são argilas com um elevado teor
de calcário.
Geologicamente
e quanto ao modo de formação das suas jazidas,
as argilas classificam-se nos dois seguintes grupos:
-
Argilas primárias: são as argilas que
se mantiveram no seu local de formação. Apresentam-se
por vezes associadas a restos da rocha de origem (granitos,
gneisses ou feldspatos) com um grão relativamente
grosso e em massas de cor branca, devida à pureza
do ou dos minerais que a constituem. Há jazidas de
caulino cujo teor em caulinite chega a atingir 98% .
-
Argilas secundárias: são as argilas que,
arrastadas por agentes naturais como a água, o vento
ou mesmo os glaciares, se foram depositando longe do seu
local de formação. Desse atribulado transporte
resultou o seu grão bem mais fino e também
a sua mistura com matérias orgânicas, etc.
Podem apresentar-se coradas, ou não. São exemplos
de argilas secundárias os barros gordos, os barros
vermelhos, etc.
O
caulino é uma argila de pureza considerável,
capaz de suportar altas temperaturas e de cozedura, em geral
bastante branca. É um componente muito importante
ou mesmo fundamental de grande parte das pastas cerâmicas,
nomeadamente das porcelanas. Sendo ele muito friável,
não reúne, por si, só as condições
necessárias para uma modelagem conveniente, tendo,
para isso, que ser misturado com um barro mais plástico
(mais gordo).
É
uma matéria-prima muito abundante em grande parte
da faixa costeira portuguesa com numerosos pontos de extração
e de grade utilização na indústria
cerâmica e ainda na do papel. Estes fatores, associados
ao preço bastante acessível, tornam-no num
material relativamente fácil de obter. Por certo,
não haverá nenhuma fábrica de cerâmica
que consuma caulino que se negue a vender-lhe pequenas quantidades.
É um material muito interessante.
O
barro é uma designação genérica
na qual foram agrupadas um sem- número de misturas
de argilas com as mais variadas espécies de impurezas.
Os diversos minerais, os óxidos metálicos
e as matérias orgânicas, associados às
argilas em variadíssimas proporções,
fazem com que as variedades de barros sejam inumeráveis
e apresentem características muito distintas, quer
em cru quer depois de cozidas. Note que na mesma extração
é freqüente encontrar tipos de barros muito
diferentes consoante, por exemplo, a profundidade a que
se escava.
Os
barros podem ser classificados
-
BARROS GORDOS - barros excessivamente plásticos,
devido à forma, ao arranjo e às pequeníssimas
dimensões das partículas que os constituem
e por incorporarem percentagens relativamente elevadas
de produtos orgânicos. Apresentam problemas à
secagem: elevado índice de retração
(encolhem demasiado) tendência para o aparecimento
de deformações e de fendas.
-
BARROS MAGROS - barros muito menos plásticos, devido
ao maior tamanho das partículas argilosas e à
presença, em percentagens mais elevadas, de materiais
siliciosos ou até calcários. São
mais friáveis e, por isso (mesmo quando devidamente
humedecidos e amassados), excessivamente < quebradiços>
para uma modelação conveniente. Apresentam
contudo um melhor comportamento na secagem, nomeadamente
no que se refere à resistência a roturas
e deformações.
- Segundo
a coloração que adquirem depois de cozidos:
-
BARROS DE COZEDURA BRANCA - barros não contendo
ou contendo pequeníssimas percentagens de óxidos
metálicos. Ficam brancos ou apresentam tonalidades
próximas do branco depois de convenientemente cozidos.
É
corrente designar-se por barro branco qualquer barro que
dê cozedura branca mesmo que a sua cor em cru seja
outra (freqüentemente cinzento mais ou menos carregado,
até quase preto quando húmido.)
-
BARROS DE COZEDURA CORADA - barros contendo percentagens
mais ou menos elevadas de óxidos metálicos
que lhe conferem colorações características
depois de cozidos.
Os
mais freqüentes na natureza são designados,
genericamente, por barro vermelho, sua cor característica,
depois de cozido. Sua utilização se dá
com a telha, o tijolo e e quase toda a olaria popular
e deve-se sobretudo à presença de óxidos
de ferro e de manganês. Quando cru, pode apresentar
cores que vão desde o cinzento ao esverdeado, ao
azulado, ao amarelo-ocre e até a cores muito próximas
das que terá depois de cozido.
A
pasta é o material já preparado com
que vamos produzir as nossas peças de cerâmica.
Diríamos que, só excepcionalmente, ela poderá
ser constituída por um único tipo de barro.
Normalmente ela é constituída, no mínimo,por
duas qualidades de barro diferentes, de modo a assegurar
à mistura as qualidades que cada um dos barros,
por si só, não possui e por produtos que
lhe podem ser incorporados com objetivos muito precisos:
emagrecedores, corantes, agentes plásticos, refratários,
fundentes, etc.
Esta
mistura é amassada com água até se
obter um material perfeitamente homogêneo, mole
e plástico: uma pasta de fato.
A
composição das pastas cerâmicas tem
que ter em conta fundamentalmente o tipo de objetos que
vão ser produzidos e as exigências da técnica
usada no seu fabrico. Assim, uma pasta para modelar pode
não ser boa para levantar peças no torno
e é óbvio que com uma pasta para tijolo
não se podem fazer objetos de porcelana. No caso
da indústria, a composição e o controle
das pastas é muitas vezes uma tarefa complexa levada
a cabo em laboratórios, por técnicos especializados.
Por
extensão, a designação pasta
foi-se aplicando às preparações que
nem sequer se apresentam sob a forma de pasta. Assim,
encontram-se pastas líquidas como as barbutinas
de enchimento ou as pastas em pó, vendidas em sacos.
A
pasta pode ser branca ou colorida por natureza; por sua
vez porosa ou compacta; no uso com ou sem revestimento.
O revestimento pode ser transparente ou opaco, às
vezes exaurindo a permeabilidade das pastas (alcalino, quando
empregado principalmente pelos ceramistas da antiguidade;
silicioso, terroso, estanífero e outros) é
aplicado geralmente com verniz, vitrificado ou esmaltado.
As
derivações da cerâmica são:
- -
Terracota (opaca ou envernizada);
- -
Faiança ou prolífera (esmaltada);
- -
Grés (que recebe ambos os revestimentos acima
citados);
- -
Produtos de olaria e de uso caseiro;
- -
Porcelana (translúcida, biscuit, vitrificada,
caolínica ou dura) ;
A
Terracota é mais empregada como tijolos,
ladrilhos, ornamentos para arquitetura, vasos de jardins,
etc.
A
Faiança compreende as cerâmicas clássicas,
de figuras em preto e vermelho; podem ser citadas a cerâmica
mulçumana, a grafita italiana, a maiólica.
A palavra ´faience´ deriva do nome da cidade
de Faenza, centro italiano de cerâmica do período
renascentista (séc. XV e XVI ), é de origem
francesa. Ela designa produto cerâmico em geral,
quando de pasta tenra, envernizada ou de esmalte opaco,
revestimento dito de ´vernizes estaníferos´
ou ´ esmalte estanífero´.
Outra
derivação da cerâmica é a maiólica,
possível derivação de Maiorca (ilha
do arquipélago das Baleares no Mediterrâneo,
e importante centro de comércio medieval. É
uma cerâmica geralmente esmaltada em branco, que
teve maior desenvolvimento nas cidades penisulares de
Casteldurante, Castelli, Deruta, Forlí, Gubbio,
Pesaro, Siena e Urbino.
A
porcelana difere da Faiança intimamente.
É feita de uma argila especial chamada caulim
que tem o quartzo e o feldspato como componentes; e estes
lhe confere características genuínas como
a sonoridade, a homogeneidade e a translucidez. As mais
famosas jazidas de caulim estão na China, Japão
e Alemanha - na região de Limoge e Sèvres.
A
técnica de fabrico varia em cada região,
mas basicamente pode ser considerada uniforme. Uma das
variações de técnica interessante
é aquela em que se aplica sobre a pasta crua uma
cobertura especial a qual, com o calor do cozimento, confere
uma qualidade vítrea ao acabamento, são
as peças chamadas de cozidas "en blanc".
As que são cozidas sem receber a cobertura
constituem as chamadas em "biscuit".
A
diferença básica entre a técnica
européia e a chinesa reside na aplicação
das cores: na Europa ela é pintada e na China é
esmaltada (a tinta é um verdadeiro esmalte fixado
numa base de óxidos metálicos.)
Fonte: http://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/origem.html
Postado por Edna Lemes Duarte Coordenadora do Ponto Cultura na Fronteira
em 23 de março de 2014